
Uma das minhas sobremesas favoritas, cujo sabor lembra minha infância, é a geleia de mocotó sabor natural. É uma espécie de gelatina natural, feita a partir do mocotó bovino. A marca mais tradicional do mercado era a Colombo, que teve origem na tradicional confeitaria Colombo, do Rio. A marca concorrente também era carioca: era a Inbasa, que já pertenceu ao Roberto Marinho. Nos anos 90, as duas marcas foram compradas pela Arisco, que por sua vez foi comprada pela Unilever. Agora, no século 21, a Unilever resolveu acabar com os antigos nomes e vender sua geleia de mocotó com a bandeira Arisco mesmo.
Inexplicavelmente, o produto acabou desaparecendo das prateleiras da maioria dos supermercados de Curitiba. É preciso procurar muito para achar. Já encontrei algumas vezes no WalMart da João Gualberto, mas é longe da minha casa. Nos supermercados mais próximos, o Côndor da Nilo Peçanha e o Mercadorama da Hugo Simas, é impossível achar. Já liguei para o 0800 do Côndor, mas a pessoa que atendeu limitou-se a dizer que o produto “não está no cadastro” deles nem no “acordo comercial” com o fabricante, sem solucionar o problema. É muita cara-de-pau. Se eles vendem outros produtos da Arisco, qual é a razão para eles sonegarem o mocotó?
Nesse caso, o que o consumidor pode fazer? Será que o Procon resolve? Devo procurar um advogado? É inadmissível que uma rede de supermercados pratique esse tipo de embargo contra os consumidores, impedindo-os de adquirir um produto tão tradicional e indispensável à vida das pessoas. Além disso, dizer no slogan e no jingle que “está de mãos dadas” com o consumidor, enquanto na prática está impedindo que ele tenha acesso a um produto, é, no mínimo, propaganda enganosa.