domingo, 5 de abril de 2009

Com soda… ou na caninha


Tomo Underberg com Coca “since I know myself as a person”. Não. Menos, Ari, menos! Na real, meu primeiro contato com o amargo fernet de origem germânica remonta aos idos de 1984, mais precisamente em dezembro, quando eu, aos 17 anos, fazia o superintensivo no Dom Bosco. Depois de tomar um porretaço de vinho doce de garrafão na casa de uns amigos, acabei chamando o Hugo, o Juca e o Raul no Largo da Ordem. Aí meus amigos me convenceram a entrar num bar, onde o Ivo do Blindagem estava tocando, e tomar algo para curar o porrete. Foi lá que me ofereceram um negócio chamado “água-de-valeta” (Underberg com água tônica). Achei o sabor um tanto exótico, mas muito amargo para o meu gosto.

Em meados do ano seguinte, no antigo Museum Chopp, bar que funcionava no Museu de Arte de Joinville, encontrei um primo de terceiro grau, o publicitário Dorval Campos Neto, tomando Underberg com soda. Experimentei e gostei da mistura, apesar de ter um certo gosto de remédio. Acabei adotando como bebida oficial por algumas semanas. Porém, logo depois, alguém me sugeriu que experimentasse com Coca, como fazem os uruguaios. Experimentei e virei fã.

Recentemente, fiquei sabendo que o Underberg foi pivô de uma disputa judicial entre os detentores da marca na Alemanha e no Brasil. A história começa em 1846, quando Hubert Underberg começa a produzir o Underberg na Alemanha. Em 1884, o produto começa a ser exportado para o Brasil. Em 1932, Paul Underberg, neto do fundador, muda-se para o Brasil e começa a produzir o Underberg no país. Durante a segunda guerra mundial, com a impossibilidade de importar as ervas aromáticas da fórmula original, Paul adapta a receita, passando a usar ervas e raízes brasileiras. Enquanto isso, na Alemanha, o Underberg original passa a ser distribuído em garrafinhas de meia dose (20 ml). Passadas algumas décadas, o controle da Underberg-Albrecht do Brasil já não pertencia mais à família Underberg. A empresa alemã decide então mover uma ação na Justiça contra o uso da marca pela fábrica brasileira. A disputa acabou há uns dois ou três anos, quando a Underberg alemã comprou a Underberg do Brasil. Agora, o fernet nacional passa a se chamar “Brasilberg – da casa Underberg do Brasil”. O original alemão, por sua vez, passou a ser importado, nas famigeradas e antieconômicas garrafinhas de meia dose.

Bom, essa é a parte oficial da história. Mas o Dante Mendonça conta em sua coluna o lado secreto do Underberg. Para saber mais, leia a coluna do Dante e visite os sites oficiais do Brasilberg e do Underberg.

PS – Eu gostaria de postar aqui o comercial do Underberg com o Mílton Morais, em que ele dizia o bordão: “Com soda… ou na caninha”. Mas não achei o vídeo no YouTube.

Um comentário:

  1. Curiosa essa estória da Underberg. Nos anos 90 eu trabalhava na area de bebidas e sempre em viagens pelo Brasil com colegas alemaes, escutei algo diferente. Eles me disseram que a familia se separou nos anos dificeis antes da guerra na Alemanha e que no Brasil comecaram a producao com a formula original do Underberg, enquanto que na Alemanha, depois de 60 anos muitas das ervas originais já nao eram encontradas e haviam sido substituidas por outras. Esses meus amigos alemaes, sempre levavam o "original" Underberg brasileiro pra Alemanha com intuito de presentear seus parentes e pais. Inclusive me diziam que o sabor do "autentico" Underberg brasileiro era melhor que o alemao. Bem, deixando esses detalhes a parte, vale a pena notar que foi realmente uma pena que a familia que imigrou ao Brasil nao deixou herdeiros, que seguramente haveriam defendido melhor os interesses da empresa brasileira. Já com a compra pela empresa alema, na minha opiniao foi uma pessima estrategia de marketing mudar o nome do produto para Brasilberg. Todos sabemos que as bebidas produzidas em paises diferentes nao tem mesmo porque serem iguais, exemplo disso é o Fernet Branca italiano e o argentino, ou o Cinzano/Campari/Martini italianos e brasileiros. O importante sim é haver a producao local e os precos serem acessiveis sem ter que incluir tantos impostos.

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