Era impossível ver tudo. Mas pude conferir as performances de Paulinho da Viola, Dadi (pronuncia-se Dádi) Carvalho, Pato Fu, Copacabana Club, Mart’Nália e Erasmo Carlos. Perdi Charme Chulo, Arrigo Barnabé, Hermeto Pascoal e Roberto Carlos. No caso do Rei, não perdi tanto assim, já que ele não tocou sua melhor música, As curvas da estrada de Santos, nem outros sucessos de sua criativa fase soul, como Não vou ficar, de Tim Maia.
Com sua elegância e seu estilo inconfundível, Paulinho cantou seus clássicos do samba e tocou choros instrumentais, ao lado do grupo curitibano Orquestra à Base de Corda. Destaque para Coração leviano, Pecado capital, Foi um rio que passou em minha vida e Choro negro.
Acompanhado da banda curitibana Na Tocaia (Glauco Sölter no baixo, Endrigo Bettega na bateria, Mário Conde na guitarra e Jefferson Sabag no teclado), Dadi relembrou sucessos cantados da Cor do Som, como Suingue, menina, Abri a porta, Semente do Amor e Menino Deus, além de parcerias suas com medalhões da MPB, como Não é proibido, que fez com Marisa Monte e Seu Jorge.
Para quem estava com saudade do bom e velho Pato Fu, a banda mineira mostrou mais uma vez que continua em plena forma no palco. Além de sucessos mais recentes, como Tudo vai ficar bem, parceria de John Ulhoa com Andrea Echeverri (vocalista do Aterciopelados, espécie de Pato Fu colombiano), o grupo resgatou clássicos como a indefectível Sobre o tempo e a divertida Mamãe ama é o meu revólver, trazendo de volta uma pequena amostra da velha irreverência perdida, da qual os fãs das antigas vêm sentindo falta nos últimos anos. A simpática e carismática vocalista Fernanda Takai deixou ainda a promessa de que o Pato Fu deverá trazer em breve a Curitiba o show de seu mais recente álbum, Música de brinquedo.
Velho conhecido da cena independente da capital, o grupo Copacabana Club (foto) mostrou, numa manhã ensolarada de domingo, a energia de seu som, uma mistura dançante de rock e disco music que não deixa ninguém parado. Figurinhas carimbadas de casas como o Wonka Bar, Alec Ventura (vocal e guitarra), Camila Cornelsen (vocal e teclados), Cláudia Bukowski (bateria), Rafa Martins (guitarra) e Tile Douglas (baixo) já são conhecidos nacionalmente e fizeram neste ano sua primeira turnê internacional. A performance no palco da frontwoman Camila, cuja presença por si só já é um espetáculo de encher os olhos, é um dos momentos inesquecíveis da primeira Virada Cultural de Curitiba. Com hits como Just do it e Come back, o Copacabana Club provou mais uma vez que, embora os indies sejam chatos “enquanto tribo”, indie rock pode ser muito legal.
Mas tive que sair um pouco antes do fim do show porque minha digníssima estava ansiosa pelo show da Mart’Nália. Por falha na organização do evento, houve coincidência de horários de vários shows. Nesse caso, a coincidência foi apenas parcial: saímos na última música do Copacabana Club e, ao chegar no Paço da Liberdade, havíamos perdido apenas três ou quatro músicas da filha de Martinho da Vila. Além de músicas próprias, Mart’Nália interpretou canções de outros autores, como Cabide, de Ana Carolina, Don’t worry, be happy, de Bobby McFerrin, e Alegre menina, de Djavan, da trilha sonora da novela Gabriela (1975).
A apresentação do Tremendão marcou o encerramento da Virada. O repertório incluiu clássicos como Mesmo que seja eu, Sou uma criança, não entendo nada e É preciso saber viver, além dos velhos sucessos da jovem guarda. E assim se encerrou a Virada que, esperamos, foi apenas a primeira de uma longa série.
Claro que, nos shows que vi, também senti falta de algumas músicas. Paulinho da Viola poderia ter tocado Argumento, Dadi ficou devendo Zero, de Armandinho Macedo e Fausto Nilo, e a instrumental Frutificar, de seu irmão Mu Carvalho, e o Tremendão se esqueceu de incluir no show Coqueiro verde e Olhar de mangá. Mas, no cômputo geral, o saldo foi positivo.
Pena que não tenha acontecido outra virada, a virada do placar em Volta Redonda, onde meu Mengão, mesmo lutando até o fim, perdeu para o Atlético.
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