sábado, 18 de abril de 2009

Eu quero é mocotó


Uma das minhas sobremesas favoritas, cujo sabor lembra minha infância, é a geleia de mocotó sabor natural. É uma espécie de gelatina natural, feita a partir do mocotó bovino. A marca mais tradicional do mercado era a Colombo, que teve origem na tradicional confeitaria Colombo, do Rio. A marca concorrente também era carioca: era a Inbasa, que já pertenceu ao Roberto Marinho. Nos anos 90, as duas marcas foram compradas pela Arisco, que por sua vez foi comprada pela Unilever. Agora, no século 21, a Unilever resolveu acabar com os antigos nomes e vender sua geleia de mocotó com a bandeira Arisco mesmo.

Inexplicavelmente, o produto acabou desaparecendo das prateleiras da maioria dos supermercados de Curitiba. É preciso procurar muito para achar. Já encontrei algumas vezes no WalMart da João Gualberto, mas é longe da minha casa. Nos supermercados mais próximos, o Côndor da Nilo Peçanha e o Mercadorama da Hugo Simas, é impossível achar. Já liguei para o 0800 do Côndor, mas a pessoa que atendeu limitou-se a dizer que o produto “não está no cadastro” deles nem no “acordo comercial” com o fabricante, sem solucionar o problema. É muita cara-de-pau. Se eles vendem outros produtos da Arisco, qual é a razão para eles sonegarem o mocotó?

Nesse caso, o que o consumidor pode fazer? Será que o Procon resolve? Devo procurar um advogado? É inadmissível que uma rede de supermercados pratique esse tipo de embargo contra os consumidores, impedindo-os de adquirir um produto tão tradicional e indispensável à vida das pessoas. Além disso, dizer no slogan e no jingle que “está de mãos dadas” com o consumidor, enquanto na prática está impedindo que ele tenha acesso a um produto, é, no mínimo, propaganda enganosa.

Adicto por Ovomaltine




Descobri o Ovomaltine meio que por acaso. Em 1981, eu tinha 14 anos e não gostava dos principais achocolatados da época – Toddy, da Quaker, e Nescau, da Nestlé. Comecei a experimentar outras coisas, tipo o Novomilke, da Olvebra, até que um dia deparei com o Ovomaltine na prateleira de um supermercado. Eram quatro os sabores: tipo suíço, tipo doce, sabor malte e sabor chocolate. Experimentei todos. Durante algum tempo gostei do tipo doce, mas depois comecei a consumir com mais frequência o sabor chocolate, que acabou se tornando meu preferido.

Na época, o Ovomaltine vinha em latas que precisavam ser abertas com abridor, com uma tampa plástica flexível por cima (mais ou menos como a do Sustagem), para mantê-lo fechado depois de aberto. Fechado depois de aberto é ótimo, mas vocês entenderam o que eu quis dizer, né? Mais tarde, ele passou a vir com uma tampa metálica removível e um lacre de alumínio flexível, como as latas de Leite Ninho ou Farinha Láctea. A lata em si depois passou a ser de papelão. Inicialmente havia dois tamanhos, mas depois o maior foi limado. Finalmente, as latas foram substituídas pelos atuais sachês, supostamente para baratear o produto. Se houve alguma redução no preço, não foi tão significativa, pois o Ovomaltine continuou sendo um dos achocolatados mais caros do mercado. Nos primeiros tempos dos sachês, nos anos 90, houve até uma promoção em parceria com a Tupperware. Até hoje guardo o Ovomaltine na embalagem Tupperware da promoção.

Os sabores também passaram por mudanças. O primeiro a ser limado foi o tipo doce. Depois foi a vez do sabor malte ser descontinuado. Aí o tipo suíço foi renomeado para sabor suíço. Recentemente o sabor suíço saiu de linha e entrou uma nova versão, o chocolate fino, sem os tradicionais flocos crocantes. Gostei, porque dissolve mais facilmente no leite. Mas existe uma preparação de Ovomaltine, que conheço desde os anos 90, que não dispensa a crocância: o milkshake de Ovomaltine do Bob’s.

Inicialmente produzido pela Wander, o Ovomaltine passou a ser fabricado e distribuído por várias outras empresas, entre elas Moinhos Santista, Sandoz, Novartis e Liotécnica. Há cerca de oito anos, a fábrica de Resende (RJ), na Rodovia Presidente Dutra (BR-116, trecho Rio-São Paulo) foi desativada, em razão de contaminação no solo por vazamento na vizinha Basf. Por coincidência, a nova fábrica fica na Rodovia Régis Bittencourt (São Paulo-Curtitiba), que também é um trecho da BR-116, no município do Embu, na região metropolitana de São Paulo.

Agora pretendo cuidar mais da saúde, por isso estou reduzindo até o consumo de Ovomaltine. Na real, o que me motivou a essa mudança de hábitos foram as recomendações de uma pediatra à minha filha, Malu, que está com sobrepeso – e, conforme descobrimos depois, está com colesterol elevado. O mais difícil foi trocar o leite integral pelo desnatado, que tem um gosto horrível, quase intragável. Espero que, com a evolução da tecnologia de alimentos, as indústrias de laticínios consigam desenvolver um leite desnatado mais palatável.

domingo, 5 de abril de 2009

Com soda… ou na caninha


Tomo Underberg com Coca “since I know myself as a person”. Não. Menos, Ari, menos! Na real, meu primeiro contato com o amargo fernet de origem germânica remonta aos idos de 1984, mais precisamente em dezembro, quando eu, aos 17 anos, fazia o superintensivo no Dom Bosco. Depois de tomar um porretaço de vinho doce de garrafão na casa de uns amigos, acabei chamando o Hugo, o Juca e o Raul no Largo da Ordem. Aí meus amigos me convenceram a entrar num bar, onde o Ivo do Blindagem estava tocando, e tomar algo para curar o porrete. Foi lá que me ofereceram um negócio chamado “água-de-valeta” (Underberg com água tônica). Achei o sabor um tanto exótico, mas muito amargo para o meu gosto.

Em meados do ano seguinte, no antigo Museum Chopp, bar que funcionava no Museu de Arte de Joinville, encontrei um primo de terceiro grau, o publicitário Dorval Campos Neto, tomando Underberg com soda. Experimentei e gostei da mistura, apesar de ter um certo gosto de remédio. Acabei adotando como bebida oficial por algumas semanas. Porém, logo depois, alguém me sugeriu que experimentasse com Coca, como fazem os uruguaios. Experimentei e virei fã.

Recentemente, fiquei sabendo que o Underberg foi pivô de uma disputa judicial entre os detentores da marca na Alemanha e no Brasil. A história começa em 1846, quando Hubert Underberg começa a produzir o Underberg na Alemanha. Em 1884, o produto começa a ser exportado para o Brasil. Em 1932, Paul Underberg, neto do fundador, muda-se para o Brasil e começa a produzir o Underberg no país. Durante a segunda guerra mundial, com a impossibilidade de importar as ervas aromáticas da fórmula original, Paul adapta a receita, passando a usar ervas e raízes brasileiras. Enquanto isso, na Alemanha, o Underberg original passa a ser distribuído em garrafinhas de meia dose (20 ml). Passadas algumas décadas, o controle da Underberg-Albrecht do Brasil já não pertencia mais à família Underberg. A empresa alemã decide então mover uma ação na Justiça contra o uso da marca pela fábrica brasileira. A disputa acabou há uns dois ou três anos, quando a Underberg alemã comprou a Underberg do Brasil. Agora, o fernet nacional passa a se chamar “Brasilberg – da casa Underberg do Brasil”. O original alemão, por sua vez, passou a ser importado, nas famigeradas e antieconômicas garrafinhas de meia dose.

Bom, essa é a parte oficial da história. Mas o Dante Mendonça conta em sua coluna o lado secreto do Underberg. Para saber mais, leia a coluna do Dante e visite os sites oficiais do Brasilberg e do Underberg.

PS – Eu gostaria de postar aqui o comercial do Underberg com o Mílton Morais, em que ele dizia o bordão: “Com soda… ou na caninha”. Mas não achei o vídeo no YouTube.